quarta-feira, 19 de maio de 2010

O riacho

Entre as montanhas, podia ouvir ao longe o som dos pássaros, e entre a mata virgem que demonstrava tamanha tranqüilidade para quem ali chegasse.
Plínio Gonzaga, dono de uma bela casa de campo naquelas redondezas, não poderia imaginar que ali nascia ha fonte de vida para muitos, suas terras eram tantas que em suas cavalgadas diárias não conseguia caminhar um terço das mesmas, em um final de ano recebeu a visita de seu irmão Sandoval e de alguns sobrinhos, que se maravilharam com o que viram ali, nem mesmo os comprimentos fizeram e saíram em disparadas quintal a fora.
Já era 15: horas e o tempo era aconchegante para um lazer em família, entre tantos afazeres Silvia esposa de Sandoval preferiu acompanhar a sogra Valeria a preparar o jantar daquela noite, onde a galinha com quiabo era o prato predileto da casa, Plínio já havia providenciado algumas frutas e preparou um suco de bom paladar, a rede da varanda estava ocupada por Valente o cão da família, este que só obedecia Plínio Gonzaga algumas pessoas diziam que tanto Plínio como o cão se falavam.
A noite se aproximava e as crianças por nomes de Gilberto e Dolores, não apareciam fato que fez Silvia a mãe cobrar preocupações ao marido, este que respondeu criança da cidade e assim mesmo quando estão na roça e tudo novidade, não demorou mais que uns 15 minutos, Dolores com um vestido vermelho este que havia se rasgado ao passar por baixo de uma cerca com arames e perguntou a mãe, o Gil já esta aqui ? agente se perdeu lá no manguezal, e eu consegui voltar por ter deixado minha pregadeira na porteira de entrada, e Gil seu tênis,mais encontrei só o meu pertence, meu deus já e noite onde estará aquele moleque, falou Silvia.
Preocupados com o garoto Plínio e Sandoval, reuniram alguns homens montaram nos melhores cavalos e seguiram mata adentro, cavalgaram por diversas glebas de terra e quando não podiam mais ver entre a escuridão retornaram, D Silvia os aguardavam na trincheira com as mãos tremulas em companhia de sua filha, os homens exaustos deram a noticia de que fizeram de tudo mais nada encontraram a não ser animais de diversas espécies.
Tanto o pai como a mãe de Gilberto abraçaram e juntos lamentaram aquela desgraça entre eles, e foram consolados pelos proprietários da casa, antes do sol aparecer entre as montanhas todos após o café partiram em busca de Gilberto, cada um tomou uma direção diferente e em gritos que podiam ser ouvidos a qui-lômetros dali, passava do meio-dia todos estavam cansados e os cavalos necessi-tavam de água, não tendo noticias alguma Silvia resolveu pedir ajuda da cidade, por volta das 16: horas uma corporação dos homens de resgate já estavam mata adentro tendo apoio aéreo, as buscas não tiveram êxitos, após 3 dias do desapare-cimento de Gilberto, Plínio Gonzaga que era muito conhecido naquela região montanhosa, recebeu a visita de um velho com barbas brancas e grandes com uma bengala na mão esquerda este que necessitava de apoio, pois seu pé direito trazia uma seqüela enorme e fedorenta, assustado Plínio não se aproximou muito, e pe-diu para que aquele homem sentasse e explicasse o que queria ali aquela hora da noite, antes de se explicar o velho disse estou com fome e sede, o que levou D Valeria arrumar a comida enquanto Silvia lhe trouxe um copo com água e juntas serviram aquele sofrido homem.
Valente o cão ficou a distância, como se estivesse vendo um leão em sua frente, após comer e matar sua sede o velho falou “Aqui nestas bandas tem misté-rios que ninguém conseguiu desvendar, e as maravilhas e belezas que parecem serem virgens não existem” já ouvi boatos de que lá nas matas mais profundas esconde se a chamada fonte de vida, e olhando para Sandoval continuou, meu senhor porque não chega até lá, vai ao dorso do “RIACHO”, o velho foi interrompido por Gonzaga que falou, há anos tenho essas terras e nunca vi se quer um lago! Calma falou o velho eu também não via tanta ignorância igual a sua ha tempos, se querem ter boas noticias vão até o riacho mas, só vocês.
As luzes se apagaram no momento, onde só puderam ouvir o cão raivando ferozmente entre a escuridão, que foi interrompida com o farol do carro ligado por Sandoval, olharam onde o velho havia sentado e não mais o viram, o prato de comida e o copo com água estavam como recebeu cheio, naquela noite ninguém ali conseguiu dormir, todos pensavam nas palavras daquele estranho homem, podiam ter a certeza de que aquilo que acontecera não passava de fatos sobrenatu-rais ou espirituais, porque ninguém naquelas condições e de idade conseguiria chegar até ali, pois aquela fazenda ficava a mais de 100 kilómetros da cidade mais próxima e para onde teria ido ele?
Era domingo chuvosa a nuvem prometia chorar o dia inteiro, a família reu-niu-se e após algumas sugestões de ambas as partes decidiram pedir ajuda,mais Silvia a mãe de Gil lembrou que aquele homem havia dito que se quisessem ter noticias só eles poderiam obter, que fossem elas boas ou ruins e prepararam café, água, comida, e alguns remédios e partiram desta vez em uma só direção.
Plínio Gonzaga, ordenou que Simão tomasse conta de tudo pois, só voltaria com a criança viva ou morta, D Silvia juntamente com sua sogra e filha ficaram em lagrimas, aonde poderia estar o tal riacho que o velho falou pensava Plínio, e começaram as buscas desde a subida das montanhas passando entre os mangue-zais e em todo lugar onde uma criança ia procurar para brincar, o dia foi cansativo ao cair da noite as barracas foram montadas a beira de uma estrada que lavava direto a outras terras vizinhas, por volta das 23: horas uma chuva fina e fria come-çou sem ter hora para cessar, Sandoval o pai do garoto notou que a água acumula-da da chuva tinha uma só direção rumo ao centro das pedreiras nas montanhas, aonde veio em seus pensamentos àquilo que o velho havia te falado naquela noite “Só vocês irão encontrar a felicidade” este então pegando uma lanterna e uma proteção contra as águas frias que caiam naquele momento saiu em plena escuri-dão, desta vez sozinho pois o cansaço já fazia com que os outros dormissem pro-fundamente, andou por mais de 2 ou 3 horas e não era mais possível avistar o acampamento e nem sabia direito de qual direção tinha vindo, quando mais anda-va o volume da enxurrada aumentava, por volta das 5: horas da manha que devido às chuvas que caiu durante a noite estava nublado, e sentindo estar em um lugar estranho ouviu aquela mesma voz que ouvira na noite anterior, era à voz do velho que lhe falou “E aqui mesmo você está quase lá” caminhou mais um pouco viu novamente aquele velho que não mais tinha as mesmas feições anteriores, a queda de água que caia do pico interno mais alto da montanha, não te assuste pediu o velho, sente-se está e a fonte de vida e é aqui o “RIACHO” e suas águas são cris-talinas e puras, sua criança chegou aqui traga por mim em forma de um cordeiro, onde... cadê meu filho devolva me ele, calma seu filho nunca pensou encontrar você novamente, ele está bem pois seu espírito o salvou, e nesses dias estive cui-dando dele porque se você não sabe você também se perdeu, ou sabe em que dire-ção vai voltar? Sandoval olhando em sua volta pode ver as maravilhas em teus olhos, a queda da água trazia um brilho de pureza e um aroma de vida.
Enquanto se maravilhava ouviu o filho chamar, pai... papai este que emo-cionado ao ver o garoto nos braços daquele homem que na noite anterior havia trago medo e uma noite de insônia, ele sentou-se e Sandoval pode ter o filho outra vez junto ao seu peito, e o velho não fazia mais o uso da bengala e sua perna era até mais sadia do que o normal, o filho falou, pai eu me perdi de Dolores entre a fumaça do manguezal e sem ter noção para qual lado deveria seguir, foi quando uma ovelha apareceu do nada em minha frente, e como se estivesse me convidan-do a acompanhar aqui cheguei e o que e engraçado pai, e que nesses dias todos não comi nada, só a água que bebi me fortaleceu e não tive fome alguma, o velho interrompendo aquele encontro falou “seu irmão não sabe mais por diversas vezes eu caminho lado a lado com ele para que não venha ter o mesmo destino que essa criança” e é por isso que ele nunca encontrou esse lugar e nem encontrara, pois sua ganância e maior que sua própria vida e não saberá viver entre essas fantasias desse lugar, nem mesmo você conseguira retornar aqui, mais fale para todos o que seus olhos registraram , diga que aqui e a fonte da vida o “RIACHO” de luz, mais só os merecedores necessitados em se harmonizar espiritualmente passaram por esse momento, seu filho lhe transformou, tanto você como ele viveram unidos mesmo depois de suas mortes, e não se preocupem com seus amigos, Sandoval e o filho puderam ver aquele homem flutuar sobre o “RIACHO” e desapareceu deixando uma luz atrás dos mesmos, esses que de mãos dadas saíram através dela, o que deixou o pai sem explicações foi o fato dos mesmos aparecerem frente à porteira de entrada, onde Gilberto pode reaver se tênis, Sandoval não acreditando falou ao filho, e os outros estão a mais de 2 a 3 horas mata adentro, o garoto lem-brou no que o velho falou “não preocupem com seus amigos” pai e filho seguiram rumo a casa ao chegarem não notaram diferença entre os que ali estavam, tanto seu irmão como sua esposa perguntaram por onde vocês andaram heim?
Gilberto olhando para o pai respondeu, estivemos na fonte da vida onde nasce o “RIACHO” e perguntando para a irmã porque você não me seguiu, está que respondeu mais nem lá estive.
O riacho servira de exemplo para nós mesmos que, às vezes perdemos as oportunidades por não acreditar que nós poderemos ser para muitos uma fonte de vida e verdades mesmo que nosso RIACHO seja o nosso próprio mistério.

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