quarta-feira, 19 de maio de 2010

O conto da palmeira

Embaixo de uma velha palmeira no pé do morro, de onde podia ser visto o por do sol e uma vista que maravilhava quem ali chegasse, todos os dias Dona Joselina observava um movimento diferente naquele lugar, por ter problemas visuais resolveu caminhar até o referido local.
Passando por baixo de um bambuzal esse que emitia sons em estalos, não muito longe de chegar notou uma fumaça toda branca em volta da velha palmeira, assustada com o que presenciou Joselina preferiu não continuar a desvendar aque-le mistério que te rondava todos os dias.
Voltando para casa comentou com Zeferino, seu único filho esse que olhou através da janela do seu simples quarto e nada viu, e disse lá vem ha senhora outra vez com essas histórias, acho que o chá das raízes está te prejudicando, veja a senhora mesma não tem nada lá, a não ser o vento que sopra fortemente a palmei-ra.
Filho tenho a certeza de que e real tudo que vejo todos os dias são iguais, ainda vou ter mais coragem e irei até lá, deixe de bobeira mãe, quanto tiver vendo coisas fale comigo ou com sinhá Gervásia que tudo passara, será pensava Joselina ela sentia algo estranho em torno de si, coisa ruim não podia ser pois era devota de Santo Antônio e tinha muita fé em tudo que se referia a deus.
Mais o que seria aquilo lá no pé do morro, pensou em uma noite onde o clarão da lua tomava conta da escuridão ela pode ver nitidamente um vulto, não ... não era simplesmente um vulto era uma pessoa de branco, acenando para ela co-mo se estivesse chamando-a, assustada outra vez falou ao filho este que grossei-ramente negou a atenção que sua mãe queria.
Ela colocou se de joelhos desta vez no quintal de sua casa, perto do poço que ficava na direção da palmeira, e erguendo sua cabeça outra vez viu aquela imagem que ha poucos instantes seus olhos registrará, em minutos aquela visão foi desfeita com o chamar de Dona Gervásia que falou, “Fia o que qui ocê faiz ai di jueio nesse chão se ta pagando arguma premessa”, o minha querida Gervásia que bom que a senhora está aqui olhe está vendo lá no pé do morro embaixo da palmeira aquela pessoa, sim fia vejo tudo sim, que bom respondeu D Joselina você também vê ele todo de branco, perai fia ele quem só ispio o clarão da lua lumiando as oveia fora isso não ispio mais nada, ocê ta passando mar.
Gervásia pegando a amiga pelas mãos levou-a para dentro e sentiu uma for-ça muito forte no físico de Joselina, e sentou apanhando um pouco de café meio amargo o que fez Joselina reclamar e ficando de olhos abertos vendo o fogo des-fazer dos gravetos que eram colocados por Grevásia que te falou “fia ocê ta preci-sando orar mais, vou pedir aos santos deuses que alumie seu pensa, ispia o sor está raiando e nóis istamo veno essa maravia que deus deu pra nóis, o que qui ocê ta sintino fia”.
Olha... veja lá no pé daquele morro bem embaixo da palmeira tem uma pes-soa toda de branco pedindo que me aproxime mais, e eu tento chegar perto mais minhas pernas perdem a firmeza e começo a ficar com o corpo gelado e meu fôle-go some e é onde eu volto e fico assim, eu quero e preciso chegar lá, pois o velho Nagô sempre me dizia que dali partiu grandes pessoas de espíritos de luz, só que eu preciso e vejo que eles me precisam falar alguma coisa, veja agora está tudo Carmo, só ispio as ovéia e o balançar das fóia, afirmou Gervásia.
Por volta das 9:horas da manha o fogo já aquecia um pouco de água coloca-da em panelas de barro onde Joselina faria o almoço, pois o filho que havia saído bem antes do café, este que trabalhava na lida da roça colhendo o feijão que havia plantado meses antes, Joselina concentrada nos seus afazeres ouviu vozes vindo do terreiro, onde fez com que ela saísse porta afora, caminhou em volta da velha casa e nada encontrou, ao voltar rumo ha porta da cozinha avistou entre as muitas moitas de mandioca alguns galhos quebrados e umas peças de roupa meio que escura em claro em sentido a velha palmeira, procurando por pegadas nada encon-trou há não ser as suas próprias, pois a terra estava tão fofa que seus pés afunda-ram, fato que fez com que ela se arrepiasse, aos poucos foi se ajoelhando ali mesmo entre as plantações de mandiocas.
Olhando a palmeira pode ver nitidamente o velho Nagô carregando em sua mão o cajado da razão e dos esclarecimentos, velho Nagô ha anos havia desencar-nado, Joselina achava que estava não só vendo coisas como sentiu fora de si e louca, chorando só voltou ha realidade ao sentir um cheiro de feijão queimado, saindo dali às pressas.
Ao chegar frente ao fogão feito de barro onde era sustentado por troncos de pau-brasil, sem sentir nada está que se queimou nas poucas brasas que sobraram no rabo do fogão, feito pelo seu marido que partiu um dia se quer noticias deu, chorando muito Joselina caminhou alguns metros até a casa da Sinhá Gervásia que no momento estava no paiol pegando algumas espigas de milho para dar a poucas galinhas e patos que criava, assustada foi ao encontro da amiga que mal conseguia falar, estava pálida e com uma feição diferente do seu normal, tentando dizer alguma coisa mais só conseguia acenar em direção a palmeira que ela sem-pre se referia mas que todos há ignorava.
Naquela manha receberam a visita de um mulato desses andado pela vida afora, em um cavalo este que chegou e pediu um pouco de água e falou : “não se assustem pois meu nome e João valente filho do José preto lá das bandas do Gon-go, venho em paz alguma coisa iluminou meu caminho para que eu chegasse até aqui, quem e de vocês duas que se chama Joselina? Assustadas olhando uma para outra perguntaram, porque você quer saber? Quem foi que te falou de Joselina? Este que olhando para a palmeira acenou, o velho que mora na palmeira me indi-cou vocês, Dona Gervásia que não tinha dado ouvidos a amiga pensou, pronto meu sinhô deus não bastava um agora são dois, mais que palmeira danada será que só eu que isto di mar com meus zoios que não cunsigo ver nadica de nada ou será farta de fé”.
Você está certa mulher e a sua falta de fé e de muitos que não conseguem ver, e esta filha ai vai ter que enxergar mais perto as coisas boas que está por vir, esse e um chão abençoado e os anjos cantam a alegria de cada um de vocês.
Gervásia educadamente pegou a amiga mais uma vez pelas mãos e acomo-dou-a em um tamborete da cozinha dando um pouco de água açucarada e voltou para melhor receber aquele que ali chegou tão surpredentemente, ao sair não mais o viu nem mesmo o sinal das pegadas do seu cavalo e o copo que foi servido a água estava cheio e intacto como se ninguém estivesse estado ali, fazendo um sinal da cruz em sua testa voltou apressadamente fechando a porta de entrada e sentou-se estava muito assustada com tudo que ali acontecerá, e voltando para a amiga disse Joselina fia tome um pouco de ar e descanse que adispois do armoço vou cum voismicê até a palmeira.
Nisso ouviram Zeferino chamar pela mãe, este que já havia procurado pela casa toda e resolveu ir até a casa de Gervásia, ao chegar encontrou sua mãe ainda pálida e muito assustada,convidado a entrar pela sinhá está que lhe contou o ocor-rido ali, Zeferino disse, eu também vi esse tal mulato, mais em qual cavalo? Ele estava a pé e descalço caminhava apressado, Gervásia abraçou-o e disse fio àquela palmeira quer arguma coisa di nóis, voismicê acumpanha eu e sua mãe até lá? Zeferino abaixou a cabeça e pensou um pouco e falou, será que estamos prepara-dos para irmos até lá.
Joselina por sua vez falou preparados ou não iremos assim mesmo, em me-ados de 1945, o então Jorge valente lutou com grandes índios de tribos diferentes naquela região em que eles moravam, alguns diziam que Jorge valente não aceita-va ninguém em suas terras e justamente naquele local muito sangue inocente ha-via derramado por causa daquelas terras onde a fartura era tanta, Jorge valente foi capturado por índios Inguaçuis da região sul nordestina, e seu corpo foi encontra-do em pedaços e em locais diferentes e embaixo daquela palmeira sua cabeça e parte de um dos seus braços após muito tempo ainda estava intacto, apesar de existir ali varias espécies de bichos.
Já nos finais de 1.946, uma família que adquiriram aquelas terras inlegual-mente após acharem os restos de Jorge valente todos se sentia ameaçados constan-temente e alguns comentavam que em época de lua cheia avistavam pessoas na-quele lugar.
A família de Joselina adquiriu as terras em meados de 1.949, depois de uma negociação com um membro da família anterior, os anos se passaram e nunca registraram nada de anormal naquele local, a pouco mais de um mês os fatos co-meçaram acontecer, só que mostravam ser de espíritos do bem ou seria um gesto enganador de Jorge valente?
Após almoçarem dona Gervásia e Joselina com seu filho prepararam-se e partiram rumo a tão assustadora palmeira, era por volta das 16:horas de segunda-feira de um sol forte que todos podiam ver tudo ao longe e bem, desta vez Zeferi-no que fez o trajeto pois o que sua mãe usava lhe trazia medos e pressentimentos de perca entre aqueles bambuzais, faltando nada mais que uns 10 a 20 metros para chegar um vento forte chegou derrepente, o mesmo só atingiu Joselina está que encarou e continuou, chegando aos pés da palmeira abraçou-a e sentiu o mesmo calor do seu marido que havia desaparecido ha anos, e viu entre algumas nuvens o rosto do então querido esposo acompanhado por diversos espíritos indígenas e teve as cobranças de Jorge valente que se passava por um espírito sofredor, este que foi expulso pelo bastão do velho Nagô que disse: “Fia aqui nesse local você deverá construir uma casa de orações, pois muitos espíritos necessitam de seus conhecimentos abra teu coração, junte-se com seu”. filho “. e”. sua amiga e come-cem a sua jornada espiritual vocês serão amparados por espíritos espartanos de muita luz”.
Tudo ali se desfez, Joselina caiu e foi socorrida pela amiga e o seu filho que desta vez chorava muito, pois disse que também conseguiu ver tudo que aconte-ceu ali, inclusive o pai e os espíritos de luz, receberam um tacho com algumas frutas e um pouco de alecrim em água quente, de onde vieram àquela oferta, se ali só os 3 poderiam fazer aquilo acontecer, como se estivesse mais alguém viram a mata se abrir como se os galhos estivessem se debatendo uns nos outros e o vento frio tudo desapareceu misteriosamente.
Ao voltarem para casa Joselina comentou o que o velho Nagô te falou e pe-diu para que o filho conseguisse mais pessoas para ajudar a erguer a tal casa de orações, pensando um pouco Zeferino indagou quem mamãe ... se aqui neste fim de mundo só resta nos três!
A noite ia chegando e com ela aquele acontecido do dia tomava conta dos pensamentos de cada um, Gervásia resolveu unir se com a amiga e o filho e passa-ram a morar junto naquela pequena casa, no outro dia ao abrirem a porta da cozi-nha viram 4 cavalos amarrados no sari do poço e embaixo de um algodoeiro 4 fortes negros sorridentes que se apresentaram e um deles falou, dia procêis num precisa si assusta nois só tamo prucurando trabaio si ocês num tive dinheiro o arroiz e um mucado de fejão e um luga modi nois passa as noiti servi di pagamen-to, nisto Zeferino tomou a frente de sua mãe e comprimento os homens que ali estavam recebendo-os em sua simples casa servindo um pouco de café a cada um feito há poucos instantes por sua mãe, esta que também serviu um pedaço de quei-jo feito por Gervásia e ali se acertaram.
Os homens iriam ajudar na construção da casa de orações encomendada pe-lo velho Nagô, em troca de roupas limpas e da boa comida que Joselina ia prepa-rar, naquela noite uma paz inexplicável preencheu aquela casa, todos em harmo-nia um dos negros começou a entoar um canto que era tão afiado que todos se emocionaram, aqueles homens pareciam conhecer bem aquele lugar e aquelas terras, pois tudo que eles falavam ali existia até a profundidade do poço era exata, ao serem interrogado por Zeferino como se chamava, o negro que cantarolava parou por um instante e falou, sou Zé preto e meu fio era dono de tudo isto aqui, como se chamava seu filho? perguntou dona Gervásia, hora ele era muito conhe-cido por essas bandas era o tão assustador Jorge valente, Zeferino abraçou a mãe e a sua amiga sinhá Gervásia e olhando para as mesmas falou, pronto agora deve-mos procurar mentalizar deus porque esses ais estão me deixando mais confuso ainda, pois esse tal de José preto já se foi e o tal Jorge valente também, quem será esses homens?
Após uma boa noite de descanso antes mesmo de o sol registrar um novo dia, os negros já estavam lá embaixo da velha palmeira tirando alguns galhos para ter uma clareira onde ergueriam a casa de orações, e deram o inicio os homens trabalhavam numa rapidez que um dia foi o suficiente para verem a casa de pé, assim que começaram as construções dona Joselina não teve mais aquelas visões, podia ver sim a palmeira que agora fazia sua parte doando sua sombra para prote-ger os que fossem chegar, bem ao lado da palmeira outro poço foi aberto e a pro-fundidade não passou de uns 3 a 4 metros de profundidade, apesar de ser no pé do morro a água veio à flor da terra em minutos, depois de pronta as luzes era à base de lamparinas e o caminho até lá ficou entre o mandiocal.
O velho Nagô desta vez foi visto com seu cajado acenando para os negros, que se reuniram em volta do sari do poço que ficava no terreiro de Joselina e em segundos estes flutuaram na frente de todos ali, e tiveram a explicação do próprio Nagô que aqueles foram os cavaleiros de luz onde ele havia recuperado de tantas batalhas sangrentas naquele lugar e entre eles estava o marido de Joselina o filho Zeferino passou a ser o guardião da casa de orações que passou a ser chamada de “O CONTO DA PALMEIRA”, sua mãe recebeu as graças dos céus, e naquele lugar agora já conhecido por todos daquela região ficou conhecido como o morro da palmeira santa, diversas famílias foram beneficiadas por Joselina e cada qual construíram suas casas, e aquele lugar todos os dias milhares de pessoas vinham de todas localidades, principalmente nos dias de lua cheia onde as matas emitiam uma energia maior, dentro da casa bancos feitos com troncos de imbaúba um co-queiro da região, o que ninguém conseguiu ainda desvendar até hoje de onde sur-giu o cajado lapidado carinhosamente e com as gravuras em negrito escrito “esse e o cajado do conhecimento e dos esclarecimentos”, um padre abençoou o lugar.
Em 1.952, dia em que Joselina depois de tanto tempo em duvidas desencar-nou, tranqüila pois seus seguidores principalmente seu filho e Gervásia,viviam as descobertas do espírito que deu a ela a missão para desvendar o mistério do “CONTO DA PALMEIRA”.
“O conto da palmeira não e verídico, mais muitos de nós às vezes vemos e não acreditamos, e as duvidas nos toma conta, viva consciente de tudo que você fizer e ver,para no seu amanha não surgir uma PALMEIRA, qualquer”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário