Como se fosse para serem eternamente as raízes semeadas pelos campos da vida, eu caminhava sempre ofuscado em minhas imaginações reparando os canteiros de cada ser vivo, tentando entender ainda mais as rugas que surgem com o tempo, e pensava seria iguais as sementes nos campos onde estas apesar de regadas ofertavam uma colheita onde o sustento dos que cuidara daquele solo passaria por estágios rápidos onde seria necessário recomeçar nova adubação? Engraçado como tudo e igual agente passa por um tipo de lapidação em um plano espiritual aguardando nossa oportunidade para chegarmos ao físico já tumultuado de ervas daninhas e pragas, na expectativa de nós salvarmos das mesmas, onde somos cuidadosamente tratados com os amores dos nossos familiares, estes que adubam nossos dias e nós agasalha do frio e geada, as quais por diversos campos deixam suas marcas da destruição, assim somos nós apesar de recebermos todo ensinamento para que possamos serem frutos vistosos, ás vezes deixamos a ferrugem corroer nossos sentimentos e jogamos fora o carinho recebido, mesmo assim aqueles que nós acolheram enfrentam barreiras não criadas por eles mais sim por muitos que estão a sua guarda e tentam de qualquer forma encontrar um fertilizante que possa salvar as suas sementes... Tipo filhos, irmãos e até mesmo os próprios pais que de tanto cansaço em tentar arar um solo especial para oferecer ao seu ente querido, desiste e fica também esquecido em um canto igual uma maquina agrícola enferrujada pelo tempo e desgastada não encontrando conserto para fazer com que os que usaram ouvissem novamente seu coração bater.
Posso me considerar uma maquina dessa esquecida em um galpão onde as teias de aranhas foram minhas únicas companheiras, preparei com muito carinho o melhor cobertor, a melhor cama e abrigo mesmo sozinho, pois a semente que eu havia semeado estava prestes a brotar, e eu cuidadosamente esperava dar aquele ou aquela colheita uma posição entre muitas mudas que eu regara todos os dias de minha vida, minha companheira está que pausadamente dizia que teríamos a melhor florada de nossas vidas, nós que estávamos a espera do nosso primeiro filho, depois de anos juntos, nesse período você às vezes esquece até de você mesmo para viver os dias daquele espírito que há de chegar, não consigo ainda até hoje entender o porquê que as folhas mesmos esverdeadas e teus caules resistentes tendem a pender para o lado não esperado para muitos que cultivam seriamente correto, nos anos de mil novecentos e trinta e dois, numa manhã onde a chuva era constante Natalina meu campo onde eu cultivara minha semente, sentiu como se fosse a hora exata para que o botão daquele fruto em teu ventre vieste até a nós, eu juro que no momento não sabia o que fazer, pois seria minha primeira colheita de uma semente tão especial, com a ajuda de Dona Celestina minha querida sogra, está que fora de uma grandeza enorme nessa nova safra, nós que não morávamos tão distante do único hospital de uma cidade pequenina mais agradável no interior de Alfenas aqui nesse estado das Minas Gerais, onde fomos recebidos gentilmente por Clarinda uma senhora enfermeira que há anos era a responsável em ofertar os primeiros carinhos com os frutos recentemente chegados naquele lugar, como se fosse para negociar aquele fruto que acabara de apanhar fiquei esperando em um cômodo praticamente ao lado, e pensando que aquele que estava chegando seria o adubo das minhas continuidades pelos campos, onde sentira eu tipo um Reencontro de um novo mundo, era tudo diferente nem mesmo a pacata cidade era capaz de esconder da minha tamanha Felicidade, não Demorou muito tempo para que eu ouvisse um choro diferente dos quais ouvira nós últimos anos, era um choro afiado parecendo reclamar uma gota de água, Dona Clarinda aproximou-se de mim com um sorriso enorme dizendo-me seu menino veio com uma saúde de ferro, mais tivemos complicações... Que tipo de complicações poderia ser? Para minha alegria chegara aquele fruto tão esperado e o mais importante dos que eu já havia colhido apartir daquele instante sentira eu um gigante, pois estaria recebendo nos meus aposentos o maior fertilizante para meus dias e noites, o que eu não esperava aconteceu junto com tanta alegria que chegaste naquele dia uma imensa tristeza nascera em um coração despreparado onde nenhum combate anti pragas conseguiria fazer com que pudesse eu recuperar aquele solo onde plantara meus amores e nossa única germinação, com o parto do nosso primeiro filho... Da nossa primeira sementinha minha querida Natalina não resistiu e partira me deixando com o lucro que eu pensava em dividir com ela os amores daquele espírito entre nós, as folhas pareciam tão verdes e seguras de si, e teus caules mostravam-me tanta segurança e na hora tão precisa enfraqueceram e a ferrugem conseguiu destrui-los e agora o que farei eu com aquele fruto que para mim a colheita havia sido mal sucedida, e já não passava mais pela minha mente em querer ver florescer, Dona Celestina está que muito me apoiara desde quando comecei a arar o único alqueire que ela possuía esta que seria para sempre meu escudo para grandes realizações, Dona Celestina veio até a mim dizendo que poderíamos sim dar continuidade em regar aquele pezinho de girassol até que o mesmo pudesse florescer e distribuir suas sementes em outros campos pensava comigo e agora onde Reencontrar animo, coragem e resistência contra tantas pragas deste mundo sozinho... Sabia que em breve muito breve ficaria só nesta caminhada agora recheada de incertezas e insegurança, pois Dona Celestina com teus oitenta e dois anos bem cultivados depois de enfrentar crises e mais crises das pragas peçonhentas ainda resistia frágil entre os campos da vida, sabia que de uma hora para outra suas raízes enfraqueceriam e deixariam mais um espaço vazio nos alqueires da vida.
Os anos foram passando e meus campos antes esverdeados davam lugares a diversas espécies de pragas e um mutuado de cupins corroia as estacas que separavam um lindo ribeirão das terras antes férteis, como eu já previa antes minha querida sogra partira depois de dois meses que Natalina fora fazer morada junto ao pai celestial, e eu ficara desolado e esquecido pelo tempo onde nem mesmo a linda maritaca conseguia-me chamar a atenção com teu lindo assobio, sabia que era preciso me Reencontrar achar-me outra vez, quem sabe entre alguns arados esquecidos mais dos quais uma semente jogada renasceria, tive ajuda de pessoas especiais nesta minha vida toda, minha mãe está que morava em Baixo Guandu no litoral capixaba deixou por uns meses seus frutos já todos formados sobre a guarda do meu querido pai e trouxe-me muita energia e satisfação para continuar o que eu havia prometido deixar de lado, mesmo não querendo ser uma maquina enferrujada me sentia sem utilidades alguma.
Ao completar quatro anos da minha separação daquela que sempre fora meu esteio para tudo que eu pensava realizar entre tantas terras cultivadas por nós registrei nossa única herança do tempo de convívio naqueles campos, Henrique Lemos, este que sempre robusto e forte cobrava-me sempre a presença de sua mãe, mesmo tendo contado a ele tudo que papai do céu havia reservado para ele e sua mãe no dia de sua chegada, este não aceitava, pois sempre dizia que tinha vindo de um lugar tão lindo onde primeiramente escolheste o campo a ser plantado e agora não seria justo encontrar simplesmente quem o regara durante nove meses, mesmo assim minha mãe tinha tolerância em lidar com aquela situação, Silvio Araujo meu irmão mais velho resolveu mudar-se para minha casa esta que era enorme, e minhas terras eram suficientes para receber toneladas de plantações diversas, estas terras que estavam ignoradas por mim há tempos, ele que também viera com sua esposa e filho que passou a ser um arvoredo na vida do meu querido Henrique, parecia que ali renascia meu Reencontro com tudo que havia deixado de lado, os anos foram se passando e já nos meados do ano de mil novecentos e trinta e nove os meus arados floriam sobre os enormes alqueires, tanto Silvio como o Senhor Lazaro este que viera atrás de trabalho, pois tinha muito conhecimento na lida de grandes terras e fora um dos responsáveis por grandes colheitas da cana de açúcar em uma fazenda não muito longe de casa com teus trabalhos juntos passamos a ser considerados um dos maiores produtores daquela safra, mais de nada me adiantaria tanta bonança e fartura se meu jardim estava vazio dentro do meu peito, não sei se podemos chamar de destino mais nunca imaginaria que fosse eu receber um tão cruel, depois de tudo em teu devido lugar minhas terras produzindo novamente as traças e pragas não eram mais bem vindas entre tantos alqueires meus, e minha única colheita inesquecível que fora meu filho não tinha mais problemas algum e sua vida, parecia Estar fortalecido pelos melhores inseticidas e fertilizantes, pois agora chegara aos seus quatorze anos bem vividos, alegre e amigo, e meu querido irmão que tantos conselhos me trouxera na sua vinda e de sua família, minha mãe que constantemente estava entre agente até mesmo papai, que não gosta desse vai e vem aparecia trazendo um pouco de seus conhecimentos, em uma sexta-feira santa esta que minha mãe sempre guardava e muito respeito, eu resolvi semear alguns grãos de feijão próximo ao mujolo onde havia preparado um pequeno pedaço de chão, pois Henrique adorava comer umas vagens,antes de sair minha mãe disse hoje e dia de respeito menino, deixe esse chão do jeito que está amanha sábado de aleluia e um dia até próprio para plantar alguma coisa, como um menino falei ...Para com isso mãe, eu já preparei as sementes e rapidinho coloco-as nas covinhas feitas por Henrique, ele que saira a poucos instantes com Silvio e papai, fui em direção ao pequeno arado e algumas sementes selecionadas por mim e meu filho, algo parecia estranho naquele dia, até alguns Gansos estes que odiavam a aproximação de alguém mesmo sendo eu não reclamaram minha presença, eles que refrescavam com as puras águas límpidas que corriam ali, depois de semear algumas sementes estas que em breve estariam brotando e tuas flores logo, logo ofereceriam uma boa colheita, com o sol escaldante sobre minha cabeça, procurei refugiar embaixo de uma simples cobertura feita na pequena lagoa, onde alguns dos meus animais descansavam, estes que a dias haviam afastados-se dali e o motivo eu não sabia, pois pedira um dia para Silvio dar uma vasculhada ao redor da lagoa, ele que me disse fiz uma varredura completa e até alguns pés de colonião cortei, e a vista para o lago ficou até mais vistosa, porém o único lugar onde Silvio esquecera de olhar foi justamente no pequeno poço que dava entrada para bica d’água onde levava a mesma até ao mujolo, retirei um chapéu de palha este que eu ganhara ainda da minha finada sogra, e colocando entre um mutuado de palhas de um coqueiro, agachei-me para refrescar, pois quisera sentir ali aquela pureza de água estas que muitas sementes vez com que germinassem inclusive a minha única semente Henrique, pois fora ali que tudo começara parecia que eu voltava no tempo e me reencontrando com a imagem de minha Natalina refletida sobre a nossa represa como tratávamos a mesma, apanhei um pouco de água e passando sobre meus olhos que ainda ardia um pouco devido o suor derramado, onde a todo o momento tinha o prazer de ter recebido aquele suor, pois estava eu plantando mais umas sementes e queria tanto ver teus frutos serem colhidos pelo meu amigo filho Henrique... A fatalidade aconteceu justamente na hora em que me sentei a beira da bica d’água, colocando meus pés já descalço sobre as águas tão convidativas até mesmo para um mergulho, mais ali estava sendo o inicio de um fim de minha vida, uma cobra dessas jaracuçus onde a pessoa fica totalmente paralisada em segundos me atacara com violência, eu ainda tentei agarrar-me ao tronco que sustentava a pequena cobertura na esperança de alcançar a pequena trilha, de onde minha mãe ou alguém poderia ver-me tranquilamente, com meus movimentos o veneno fizera efeito imediato, e me senti como se estivesse levitando e aos poucos ia vendo minha massa física abandonada ali, onde tudo começara, ao atravessar um lindo cafezal encontrara sentada sobre um esteio aquela que me dera à continuidade de minha vida, nosso inesquecível Henrique até nos dias de hoje, sorrindo marcando para mim para sempre meu único Reencontro e na esperança de poder ainda em espírito sobreviver ao lado dos que deixei e que me fez contar esse fato ocorrido nos sertões de Minas Gerais.
Nos dias de hoje Henrique se fez homem e transformou minhas sementes em quantidades que alimentariam toda nossa pequena comunidade, minha mãe e papai finalmente aceitaram transferir do Espírito Santo para Minas e vivem ainda no mesmo lugar onde um dia quase me transformei em uma maquina agrícola esquecida pelos cantos.
GABRIEL.
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