sexta-feira, 22 de outubro de 2010

RAÇA


Nasci no dia que se comemorava o dia da abolição dos escravos, era noite de uma quarta-feira um treze de maio inesquecível para mim, neste dia a santa igreja católica também comemorava o dia de Nossa Senhora de Fátima, mamãe estava completa e muito feliz com minha chegada, seria eu o único irmão de pele diferente mais juro que eu amei mais que meus dois irmãos, eles que fora frutos do primeiro relacionamento de minha mãe, depois de dezoito anos casada e amando verdadeiramente seu companheiro ele veio a desencarnar aos quarenta e nove anos de idade numa doença inexplicável até hoje, depois de alguns anos mamãe conheceu Ronaldo um mulato forte alegre e de boa índole, ele que também no principio do seu relacionamento com mamãe foi quase excluído não só pelos meus irmãos mais pela família, até mesmo na igreja mamãe era observada diferente das outras vezes, ainda bem que ela queria era sua felicidade e só agradecia a deus os maus olhares que recebia Ronaldo com o passar dos dias e meses foi ganhando a confiança e a aceitação dos meus irmãos que às vezes tinham vergonha de acompanhar minha mãe e ele, mamãe uma morena clara com teus olhos castanhos e um lindo cabelo negro e liso era toda completa, tipo uma boa mãe, amiga e uma excelente companheira muito responsável com teus compromissos, ainda com apoio do seu primeiro esposo chegou à faculdade de letras e era a responsável da secretaria de educação do inicio da nossa pequena cidade, já aquele que veio dar-me a oportunidade para conhecer realmente o que era a vida nesse plano físico e fortalecer-me com o oxigênio da vida... Meu pai é meu amigo e adorável companheiro ele que não teve tanta sorte na vida a dois há muito tempo estava desacompanhado e neste período deixou com que os calos aparecessem sobre as palmas de sua mão, os meninos lá de casa, ou seja, meus irmãos só aceitaram Ronaldo depois que ficaram sabendo que ele possuía umas terras produtivas pros lados de Uberaba Minas Gerais, o interesse fez com que eles começassem a comentar com os amigos de que mamãe havia arrumado um marmota mais que tinha uma grana boa, em uma tarde de sábado quando... Meu pai chegou é o mulato com uma porção de verduras e frutas no interior de sua linda camionete confesso que fiquei magoado quando Denílson o que viera ser meu irmão mais velho por parte de mãe negar ajuda ao meu pai na sua companhia, ele que disse só ajudo se você ficar longe ou tomar um belo banho, não sei o porque que vocês de cor escura exala um odor forte e insuportável, percebi a tristeza no rosto de papai que aceitou as criticas,pois o que ele mais amava era mamãe e não fazia questão de receber os carinhos daqueles que ele sempre tentou amá-los como  me amava, quando meu pai era magoado por um dos meus irmãos ele vinha em minha direção abraçando-me e muito feliz, confesso que meu coração disparava e a emoção era forte dentro do meu eu, ainda mais quando nossa pele misturavam as mesmas cores sentia ser um no outro a verdadeira paz, conseguimos vencer a rejeição dos muitos que nós conhecia por causa de sermos negros e mostramos para cada um que não existia indiferenças entre o negro, o branco, e o mais loiro de todos, por falar em loiro o filho do Sr Genebaldo não morava muito distante de casa eu sempre observava que ele distanciara-se dos meus irmãos após mamãe conhecer meu pai e até ignorava passar na calçada frente de casa, ele que ao me ver tinha o costume de me Cumprimentar ou chamar me de São Benedito ou negrinho do pastoreiro, e zombava de mim, mais eu fui um espírito encarnado que soube aproveitar essa curta e simples passagem pelo físico que cada um de nós tende a passar e talvez muitos não conseguem nem completar esse ciclo de vida por não merecerem e como se fossem uma nuvem passageira seguia teus rumos ignorados.
    Bom a Flora minha irmã até oferecia teus carinhos para comigo, o que me machucava um pouco era quando uma amiga ou outra pessoa qualquer perguntava se eu era irmão... Ela respondia que sim mais numa ignorância onde completava a resposta dizendo se ele não fosse pretinho eu iria ter o maior ciúme... E tuas amigas riam e falavam aqui se demorasse mais um pouquinho para nascer nasceria um macaquinho e assim recebi este tratamento até quando eu comecei a caminhar sozinho, olha esta passagem pelo mundo físico que voz conto agora através deste que vós escreveis deixou muitas marcas e saudades para os muitos que ajudei mesmo sendo negro e rejeitado venci todos os obstáculos que teria eu de passar e mais alguns que me oferecerão.  Lembra do filho do Sr Genebaldo o loirinho que me rejeitou por muito tempo, ò coitado dele viu teve tantas dificuldades de ser alguém neste plano físico que às vezes eu tinha pena, ele que estudou desde nossos primeiros ensinos na mesma escola educacional que eu, ele ficava vermelho de raivas quando algum amiguinho nosso comentava e falava do negrinho aqui como... Pô o carinha e preto mais e a mãe dele que manda na escola e você com esse cabelo de ouro tem  que respeitar ele... Digo a vocês que ele ficava uma fera e criticava dizendo que nunca iria respeitar um macaco, pois bem o que vou lhes contar a seguir e prova de que podemos ser útil uns para com os outros independentes de raça, cor e religião, numa noite dessas que seu coração está preparado para fazer o bem a quem quer que seja eu estava de saída de uma palestra espíritual a caminho de casa ao sair Silvone me acompanhou até a metade do meu caminho ela sim era uma adolescente que não vivia de exclusão social ou racional, confesso que era uma branca muito bonita meiga e humilde apesar de ser filha de brancos com a vida bem estruturada nunca me demonstrou maus tratos, assim que ela seguiu para sua casa que não ficava muito longe do centro espírita segui meu caminho em uma avenida de pouco movimento onde às vezes só os moradores daquela região trafegava, olhando para o céu e agradecendo ao bom pai pela noite maravilhosa que me proporcionava naquele momento deparei ao longe uma movimentação na calçada em que eu caminhava, parei um pouco distante porque percebi que a aglomeração de pessoas ali era mais uma turma de jovens que pareciam estar desesperado com alguma coisa e ouvi uns dois disparos de arma de fogo e presenciei a fuga dos demais que estavam na companhia daquele que tombou no gramado da praça, e um individuo correndo em direção contraria a que eu estava, esperei até que o mesmo desaparecesse na escuridão da noite e aproximei rapidamente perto do corpo que ainda agoniava no chão... Engraçado lembra-se do loirinho filho do Sr Genebaldo então era ele me esqueci das más atitudes dele para comigo onde sempre me tratava com ignorância chamando-me de rolo de fumo, neguinho e São Benedito, carvão tudo que lembrávamos nós os negros coloquei o evangelho segundo espiritismo ao lado de minha cintura e desesperado na esperança que passasse alguém naquele momento mais nada, ninguém era só eu e aquele carma meu ali no chão, estava ai em minha frente à missão de socorrer um espírito que viera a viver e tratar-me com indiferenças para que pudéssemos nós reajustar, apanhei o loirinho em meus braços e percorri a extensa avenida por uns cinco a dez minutos em busca de socorro quando cheguei ao ponto de taxi estes que eram veículos de partida a manivela o Sr Astrogildo amigo de meu pai presenciando minha chegada com alguém em meus braços nós socorreu colocamos o loirinho no banco traseiro e com a ajuda de Astrogildo agasalhei a cabeça do loirinho em meu colo e seguimos o mais rápido que o calhambeque podia ate a Santa casa de Fátima, tivemos ajuda de duas enfermeiras muito cuidadosas que imediatamente levaram o loirinho por um corredor enorme e frio até a sala de cirurgia, era preciso que alguém preenchesse o formulário de entrada daquela vitima, olhando para o Sr Astrogildo ele que me confessou que já estava com a ficha extensa de presenciar outras vitimas, o que então sobrou para eu fazer, preenchi o formulário comentando como e quando havia acontecido o incidente expliquei e lógico que o endereço era fácil, pois era o mesmo que o meu só alguns metros de distancia de minha casa da dele, no final era preciso colocar quem havia socorrido aquela pessoa, quis colocar meu nome mais preferi colocar neguinho, rolo de fumo, carvão e São Benedito, estranhada mente a atendente quis saber por que eu me identificara com aqueles apelidos todos, respondi e assim que ele me conhece sai dali em companhia do Sr Astrogildo que me deixara na porta de casa, ao entrar encontrei só mamãe ainda Estava fazendo alguns dos teus afazeres da educação, meus irmãos haviam saídos para as badaladas que nossa região oferecia e meu pai  ainda não havia chegado do sitio, mamãe olhando disse... Meu filho do céu que sangue e este em tua blusa ó meu deus você está bem filho, respondi sim, sim estou bem não te preocupe mãe, ela quis saber o que havia acontecido sentou-se ao meu lado eu que já retirava aquela blusa manchada e expliquei tudo que havia acontecido, ela já um pouco desesperada afinal meu irmão e irmã estavam ainda fora de casa, e a Magnólia já foi avisada meu filho, respondi olha mamãe eu não sei não viu eu bem que poderia bater naquele portão para levar essa péssima noticia mais você sabe NE tanto eles como o filho faltam me jogar pedras, mamãe carinhosamente abraçou-me dizendo deixe que eu avise afinal o mais importante você já fez, assim que minha mãe avisou os pais do loirinho seguiram de imediato para o hospital aonde vieram ter a primeira noticia do filho só às quatro horas da manhã, e a noticia foi muito boa porque ouviram das pessoas que cuidaram de teu filho que disseram que a vida dele estava fora de perigo graças ao socorro prestado rapidamente, ao perguntarem quem foi este filho de Deus que salvou nosso menino? A atendente que me pediu para preencher o formulario já havia trocado de turno e a sua substituta não soube explicar quem havia socorrido o filho, o loirinho recuperou-se até rápido e depois de umas três semanas já estava em sua casa terminado a sua recuperação, para minha felicidade na noite em que eu iria completar dezoito anos notei que meus irmãos, papai e mamãe passaram o dia quase todo fora pressenti que algo estava para acontecer, já se findava mais um dia e eu que estava no meu jardim maravilhando-me com o por do sol atrás de umas nuvens onde os reflexos do sol eram projetados de cores diversas iguais de um arco Iris quando ouvi alguém chamar meu nome pausadamente Hilton, depois de umas três insistencias atendi e meu coração gelou ao ver o loirinho com um sorriso estampado em teu rosto com teus braços abertos em minha direção pedindo-me se poderia entrar, ainda olhei para aquelas nuvens e agradeci ao papai do céu pelo momento e convidei-o para dentro, ele pediu-me desculpas por tudo que havia feito contra minha pessoa, e desejou-me um feliz aniversario... Eu agradeci pelas felicitações e convidei-o para entrar e disse olha Michel... Ou melhor, loirinho ao falar caímos na gargalhada juntos e completei, no momento em que estamos agora em um plano de reajustes e encontros estamos a mercê de tudo inclusive suportar as ignorâncias que nós oferecem e eu sempre tive você como meu bom vizinho e amigo pena que você precisou reconhecer que as indiferenças não existem entre os corpos físicos e que o nosso espiritual já está traçado desde a nossa reencarnação, observe-se bem pelo sofrimento que você passou e pela dor que causou aos que te amam e eu fico feliz por você estar bem espero que tenha aprendido a lição, ele olhou-me e disse achei que meus amigos fossem aqueles que me abandonaram por eles eu não estaria aqui só tenho que te agradecer e pedir perdão pelas minhas ofensas...Respondi do fundo do coração claro que perdôo afinal não me alimento do que já passou o importante e vivermos o agora pensando em sermos felizes no amanhã, e trocamos um forte abraço, mamãe e meu pai chegaram naquele momento onde os pais de Michel ou loirinho vocês e que sabe também chegaram para agradecer minha atitude, em seguida minha irmã e meu irmão que já sabiam dos fatos também fizeram parte daquela roda dos agora verdadeiros amigos, comemoramos até tarde da noite aonde com dificuldades meu irmão conseguiu arrumar um fotografo com uma maquina toda desajeitada dessas que ainda existem ai no físico onde se cobre a cabeça para que o fotografo não se queime na pólvora expelida como se fosse um fleche, varias fotos foram feitas inclusive uma minha junto com meu amigo branco o loirinho, assim que passaram uns dias fui convidado para ir na casa daquele que passou a ser meu melhor amigo meu loirinho, convidado a entrar fomos direto para os aposentos de Michel onde ele queria mostrar-me o que havia ganhado de seus pais, para minha alegria foi ver a foto que fizemos juntos no meu aniversario em um quadro sobre a cômoda de seu quarto, ele que antes disse vem cá meu neguinho sorrindo falou olha aqui este e o meu maior troféu que consegui Até hoje, estava colocada em um quadro maior com molduras lapidadas sobre a parede o formulario de entrada do hospital no dia que socorri o loirinho para minha emoção ele completou embaixo com uma frase... Meu neguinho rolo de fumo carvão São Benedito agora vou ser mais os negros do que viver iludido amo você meu pedaço de vida.
  
          Fiquei feliz por ter conquistado de vez aquela amizade, com o tempo as coisas foram tendo sentido na minha vida e na vida daqueles que eu viera a conhecer, no inicio meu irmão que também me rejeitava com toda certeza e excluía-me necessitou e muito de mim, passava se das seis horas de um anoitecer que trazia as belezas do luminar da lua acompanhada do ninar das estrelas recebemos a noticia de que Denílson meu irmão estava sendo socorrido de um acidente gravíssimo, o que trouxe um apavoramento para todos inclusive papai que também fora ignorado pelo mesmo devido a sua cor onde o racismo deixou falar mais alto quando meus irmãos o conhecera, papai que estava no sitio e avisado em poucos instantes já estávamos todos juntos na espera de uma noticia qualquer, um dos que ofereceu cuidados médicos ao meu irmão conversou com minha mãe dizendo que ele necessitava urgentemente de sangue tipo “O” negativo e se tinha alguém na família com esse sangue compatível com o de Denílson, olha confesso para vocês que eu realmente havia chegado naquela família era para completar a humildade o amor que faltava o único a possuir esse sangue era o irmãozinho aqui rejeitado, não pensei duas vezes e me coloquei a disposição para que pudesse eu de uma forma ou outra salvar mais um espírito que ainda tinha que passar por essa aprovação, depois de doar meu sangue não passando muito tempo podemos nos aliviar um pouco onde ficamos sabendo que Denílson não corria perigo algum, voltamos para casa e depois de uma semana lá estava eu recebendo os agradecimentos de mais um espírito que antes havia visto-me com indiferenças e racismo ele que passou a ser para mim tipo um escudeiro e me mimava muito sempre colocando-me a frente de qualquer outro amigo e nos tornamos verdadeiros irmãos de sangue como ele mesmo disse, já Flora depois de tantos estudos dedicou-se também na mesma área da educação continuando os passos de mamãe, minha irmã que a tempos namorava um branco este que ao passar dos tempos juntos começou maltratá-la o que fez Acontecer uma separação, quando ela começou a caminhar na mesma doutrina do que eu começou a enxergar tudo diferente via as pessoas e as Aceitavam como elas eram e não como ela imaginava, passando uns quatro meses estava em casa quando Flora chegou por volta das dezenove horas de um sábado com um ar de felicidade ela que se assentou junto conosco próximo ao fogão de lenha onde papai com sua habilidade preparava uns deliciosos pãezinhos de queijo com Chá de canela, e começou a falar na mudança de vida e há muito tempo não presenciava a sena que meus olhos registrarão ela carinhosamente beijou o rosto de meu pai este que por eles meus irmãos fora ignorado e virando-se para mamãe pedindo para que ela pudesse apresentar o teu namorado, minha mãe respondeu que a casa não era só dela porque o pai dela antes de desencarnar adquiriu para eles, então ela retornou até a porta de entrada e para minha surpresa era o Geraldo lá do centro espírita o engraçado que Geraldo era bem mais negro do que eu e papai agente tinha o costume de chamá-lo de azulão, recebemos o casal com muito amor e eu mais uma vez me senti agradecido por ter causado e transformado aquela família que antes viviam de rejeições e discriminações , nem passou seis meses depois daquela felicidade toda meu adorado e amigo papai veio a desencarnar e eu fiquei na lida do teus afazeres até completar meus quarenta e nove anos desencarnei justamente no dia em que nasci a treze de maio de um domingo chuvoso deixando para aqueles que no inicio de minha missão achavam que por eu ser diferente de cor e pertencer a uma RAÇA de negros não era capaz de amar mais que eles, hoje aqui rodeado de espíritos amigos e por muitos que necessitam de um apoio aqui estou o neguinho, o rolo de fumo ou carvão, gostaria que vocês outros ais que acompanharam o que foi por mim ditado e por esse que vós escreveis lembrassem sempre que ninguém até hoje pode ter a certeza da cor, raça do grande Mestre Jesus peço que fiquem na paz com a proteção dos Bons espíritos e que não se deixem contaminar pelas indiferenças afinal viemos de um mesmo lugar com nossos merecimentos mais poucos voltarão ao mesmo ponto de partida onde tudo começou, estou no albergue da união já resgatei o meu amigo ó loirinho lembram-se dele e juntos estamos na mesma harmonia de antes encarnados, meu pai e o primeiro esposo de minha mãe aqui se dão muito bem e vivem em um plano de maior hierarquia o Sr Genebaldo o pai do Michel ou loirinho como queiram vez enquanto vem visitar o filho,  quem teve uma estadia aqui rápida foi minha mãe que teve a permissão para retornar ao mundo físico onde hoje está com oito anos e é filha de minha irmã, eu estou bem e gostaria que todos vocês ais no físico não se iludam com as mazelas dos teus dias e noites, pois o plano físico não passa de uma simples fantasia destas que você só usa em temporadas de festa, alinhem-se e procure aproximar mais de deus pai todo poderoso talvez assim possa respirar esse ar em que respiro agora agradeço sua atenção e fique com deus.

                                                                                                          GABRIEL.   

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