terça-feira, 13 de setembro de 2011

Segredos Desvendados


E sempre o mesmo conselho... Não fere o coração dos que te rodeiam, para que você não receba os mesmos golpes das feridas que surgirão.
Assim passei muitos anos ouvindo e recusando as profecias de minha mãe, as pessoas dizem que uma mãe não engana-se quando sente o perigo no caminho de suas proles, e comigo não foi diferente aos quatorze anos eu comecei a sentir enjoo do meu lar e das mesmas pessoas que eu via todos os dias, as mesmas cobranças do meu pai, os mesmos nãos de minha mãe e as vezes os mesmos golpes violento do Eduardo meu irmão dois anos mais velho do que eu, comecei a bolar para mim um trajeto diferente, tipo saia de casa com intuito de realizar meus compromissos na escola, mais que nada eu nem lá passava, tinha um beco onde levava a uma vila de pessoas carentes e muito nessecitadas onde comecei a freguentar e foi nesse beco que as previsões de minha mãe começou acontecer.
         Conheci o Jovenildo um camaradinha de dezeseis anos com pinta de chefão mais que não dava moleza pra ninguém, antes que eu aprofundasse mais em uma das façanhas erroneas, ele me disse olha meu camarada você e lá de cima vive no meio dos bacanas, aqui e diferente se você entrar para sair será dificil, pensei e disse mais acho que vai ser melhor aqui, ao menos não terei que ouvir todos os dias minha mãe dizer, não faça isso, não vai lá, e iria escapar dos ponta pé que Eduardo oferecia vez enquanto, e nem dei conta de que eu poderia ter escapado deste caminho, era facil bastava eu seguir os conselhos de minha mãe, mais fui tolo preferi entregar-me ao sub-mundo das escritas tortas, e nem pensei nas palavras que eu sempre ouvia “Não fere o coração de quem te ama, para que no seu amanhã, não venha sentir as mesmas feridas” E quantas feridas recebi sem que nehuma delas cicatrizassem, e só me oferecerão um odor insuportavél, as preocupações de meus familiares aumentarão ainda mais comigo, minha mãe adoeceu por causa das minhas agressões contra os carinhos dela, meu pai não suportando ver-me no caminho cheio de fogo e espinhos e não aceitando minhas atitudes me prometera que iria tirar de mim o que ele havia dado-me, A V I D A.
          No dia em que ouvi estas palavras percebi que as coisas estavão feias mesmas para meu lado, até Eduardo parou com as agressões de antes prometendo desovar-me caso eu preferice aquela vida, bem que todos perdoarão os meus erros e eu não soube aproveitar a oportunidade, fiquei sim uns dois meses afastado do beco e das ordens  do Jovenildo, mais parece que algo me puxava tipo um imã em direção ao beco das minhas desilusões, lembro que num dia em que eu levantei confesso que o sol queria me esclarecer alguma coisa, até a Jandaia uma mulata que parecia me entender calou-se quando tentei arrancar dela um assobio, minha mãe estava sentada em um tamborete onde estava esculpido meu nome, passei a mão sobre sua cabeça e ela voltou-se para mim e vi que teus olhos pareciam estar longe dali com algumas lagrimas que rolarão pelo rosto já desacreditado que eu realmente aceitaria viver a vida que ela ensinara-me desde pequeno, quis dizer ao menos bom dia mais a coragem faltou-me, segui em diração ao portão olhando para o céu este que estava límpido azul, onde uma brisa fresca do pé de laranjeira fez com que eu me sentasse, e ali permaneci por instantes, preocupado com a divida que fiz no beco.
          Sabe quando você tem tipo assim um pressentimento de que algo está errado ou algo errado está prestes a acontecer... Me senti assim por um bom tempo, comecei a entender as FERIDAS que minha mãe sempre falava para que eu não ofertasse para ninguém, e nem imaginei de que quando aceitei descer o beco estava colocando não só minha vida em risco como o de toda minha família, como eu narrei antes achava que Jovenildo poderia estar furioso comigo e cobrar de outra forma, mais fiquei feliz ao cair da tarde por rever meu pai chegando e logo em seguida meu irmão que até tentou tirar de mim alguma palavra, e ignorei o céus como fui tolo, quando minha mãe nós chamou para jantar lembro bem que meu prato predileto fora feito com carinho onde recusei com medo de que ela ou alguém tivesse colocado algo naquela comida que eu rejeitei, preferi responder que estava sem fome talvez mais tarde, segui para meu quarto, antes aproveitando o descuido do meu pai peguei sua carteira onde continha alguns trocados e sai pela janela do meu quarto, há se eu soubesse que não voltaria mais a ver meus familiares antes teria dado um abraço e um beijo carinhoso, ao chegar do lado de fora segui em direção a um pequeno estabelecimento próximo a entrada do beco onde o Senhor Ananias vendia umas quitandas saborosas.
Assim que fui servido pela Ana Licia a filha mais nova do Ananias sentei-me perto do balção onde podia degustar tranquilamente o lanche que para mim era mais seguro do que o prato servido pela minha mãe, acabei de comer e paguei com o dinheiro que havia retirado do meu pai... Ou melhor roubado né, como fui um cara de pau e sem sentimento algum, meu pensamento no momento era voltar o mais rapido para casa, quando sai não andei nem uns cem metros de onde havia acabado de comer um lanche senti uma queimação na altura da espinha e um som ao longe como se estivessem queimando alguns fogos de artificios, ao passar a mão em minhas costas comecei a correr porque o sangue esquentava minhas pernas, comecei a gritar o nome daqueles que eu ignorei por todos os dias em que convivi com eles, mais de nada adiantou, fui atinjido mais umas duas ou três vezes e ninguem para me socorrer, realmente o que Jovenildo disse tinha sentido se entrar seria dificil de sair, só não imaginava que teria uma saida daquele jeito, na rua a multidão aglomerou-se e confesso que o ultimo respiro que dei foi nos braços de minha mãe que disse, tantas foram as cicatrizes que me ofereceu filho que saberei me confortar com essa que jamais será cicatrizada enquanto eu viver, senti suas lagrimas quentes sobre meu rosto, estava ali eu mesmo desvendando as cicatrizes dos SEGREDOS DESVENDADOS,
Hoje aqui tenho uma vida praticamente transparente, vazia e monotona, com as lembranças de quem me amou um dia, e das oportunidades que deixei escapar por não ouvir um coração de uma mãe que sempre tem razão no que fala e sente, agora resta-me torcer para que em breve possam eles esquecerem que um dia fui um pedregulho de preocupações em suas vidas, sou Nelson Lima Cruz, nascido e criado na cidade de Gravatá no Parana, e atraves deste desvendei e passei para os muitos dos filhos ignorantes iguais a mim... Se estiverem passando pelo que passei e vivi ouça com atenção Ame seus entes queridos para que vocês não precisem desvendar misterios algum.

                                                                           GABRIEL.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

CAMINHOS.

Na rua principal super movimentada eu acostumava ir e vim sem temer nada, tinha toda confiança nos caminhos em que eu iria passar, e lógico que em algumas noites ou dias tenebrosos eu me cuidava ainda mais, tinha tanta certeza de que as coisas ruins jamais aconteceriam comigo que sempre tive bons pensamentos, boas amizades e não temia passar pelo que estava prestes a me acontecer, espero que você possa vivenciar o que me ocorreu e tire para você e os teus entes queridos um pouco do aprendizado que me faltou acreditar, desde mulecote e desde quando comecei a entender por gente minha mãe cuidadosamente explicava que da vida tudo se pode esperar, nem sempre as coisas boas tem seu fim como esperamos, mais os perigos que ela a vida nós oferta bate em nossas portas a todo o momento e instante, quando ela falava teus olhos brilhavam parecendo prever a perca de um dos seus, nós, ou melhor, eu Nike e meus irmãos Maciel e Lênin, Maciel com teus vinte e dois anos bem vividos era do tipo reservado e cuidadoso principalmente a frente da pequena fazenda que possuíamos no distrito do brejo d’água no município de Iturama MG. Já por sua vez Lênin aos dezenove anos além de ser um matuto nato era conhecedor de quase todas as raízes do mato, e sempre que podia estava oferecendo algo que acalmasse principalmente as minhas agonias, estas que eu não entendia o porquê não me deixavam pensar em dias melhores, meu pai Antenor Tenório conhecido na região era mais um viajante com a boiada do que um proprietário de terras, em um dia de sol escaldante onde ao longe agente podia ver a evaporação do solo parecendo transformar-se em um espelho d’água e entre ele a visão meio que embaraçada do meu velho pai e alguns dos seus tropeiros mais afamados naquela região, o Tião da foice, o Nego do Mujolo, só não me perguntem o porquê desses nomes, pois nunca soube precisamente o significado, eu precisava encontrar um meio de apresentar-me diante as muitas pessoas que visitavam constantemente nossa fazenda de pequeno porte, onde em nossas terras além de termos o melhor capim colonião a abundancia das águas eram tantas que alguns fazendeiros mais afortunados arrendavam alguns colchetes de chão na época brava da seca, seca está que parecia com meus caminhos incertos, o que me fez ser um quase pedaço de madeira sem valor algum, por ser um tipo que pensava em ter tudo ao meu alcance com suor dos outros, observem bem o que me ocorreu depois que deixei o caminho e o calor aconchegante do meu lar e apaguei de vez aquela rua principal que me viu dar meus primeiros passos, numa dessas comitivas de tropeiros que iam e viam sempre em nossa propriedade conheci o Lourival este que possuía uma cicatriz que marcava teu rosto entre o queixo e a orelha esquerda, segundo ele foi num estouro da boiada que ele adquirira aquela tatuagem para sempre, e lógico que resolvi seguir aquele caminho ainda incerto de mim mesmo, com a permissão dos meus pais, aquela permissão tipo vai e não vai mais, eu precisava acabar com aquela indesconfiança que alguns que me rodeavam tinham, tipo palavras que feriam o meu interior... Meu pai mesmo por diversas vezes me criticava e dizia que nunca creditaria nenhuma responsabilidade de sua propriedade a mim, e meus dois irmãos eram tipos sabedores e protegidos pelo papai, mais ambos eram muitos carinhosos comigo, afinal nas mais perigosas algazarras eu me colocava a frente de tantas chibatadas do meu pai para protegê-los, mesmo assim com o tempo fui sendo excluído e mal podia dar alguma ordem qualquer que fosse o braçal que por mim passava, além de Lourival seguia aquela comitiva o Chico Periquito, o Dente de Ouro e o mais engraçado Tião Macaco, este que era muito alegre e tinha respostas para tudo, e em todo momento podia ver em teu rosto um sorriso meio que amarelado pela quantidade de cigarro que ele consumia, eles que trabalhavam na fazenda Castanheira retirado a uns cento e quarenta quilômetros do Chapadão do sul no chão Mato-grossense, eu com minhas perguntas quis saber se o patrão deles não iria achar ruim eu seguir a sua comitiva, Tião Macaco, riu tanto que assustei e falou... Patrão quá, quá, quá, não com certeza ira agradecer, ainda mais quando souber que você e filho do dono das terras farturentas de pastagens e água, depois que despedi de cada um de casa a única coisa que meu pai me deu foi um bom cavalo e uma traia para a viagem e falou aos meus ouvidos... Seu moleque vê se aprende a virar alguém na vida e deu-me um tapinha carinhoso em meu rosto, minha mãe com algumas lagrima nos olhos só me desejou muito sucesso e colocou um embrulho em meu bolso, dizendo que seria um segredo meu e dela, era para eu começar a minha nova vida meu novo “CAMINHO”, quando Lourival chegou junto com os que te acompanhavam, trouxeram umas duzentas cabeças de gado dos quais a maioria já eram herados, e alguns se perderão pelo caminho pela desnutrição, foram colocadas na pastagem de colonião nova, e do capim Braquiara, onde eram banhados por uma das nascentes do rio do peixe, ao voltarmos conduzimos outras duzentas cabeças, estas mais robustas e com força suficiente para andar os mesmos quilômetros que fizeram as outras, assim que começamos nós organizamos primeiro o Dente de Ouro e o Lourival ficaram com a responsabilidade da garupa da boiada, eu por ter adquirido o único dote com meu avó tive o privilegio de seguir a frente do rebanho com Chico Periquito, e Tião Macaco, tocando meu amigo berrante feito ainda com os chifres de um touro que deu inicio na historia da minha família bem a nossa frente seguia o cozinheiro em uma carroça cheio de mantimentos era tipo uma conzinha móvel do peão, Tião perguntou-me porque eu não participava da comitiva do meu pai, se eu entoava tão bem o lindo berrante, respondi bem que tentei diversas vezes mais sempre era reprovado, porque meu pai dizia que eu só sabia fazer isso e mais nada, berrante por berrante Tião da Foice tocava, recordo que levamos uns quinze dias para alcançarmos nosso destino, quando entramos já nas terras onde a boiada iria ser entregue notei uma pastagem em recuperação e a escassez da água que vinha em uma pica d’água barrenta era a famosa Fazenda Castanheira e pensei comigo quem poderia vim a ser o meu novo patrão?
Depois que deixamos o Walter Morcego o encarregado da fazenda conferir cabeça por cabeça do gado que entregamos, nós retiramos até as baias que não ficava distante, Dente de Ouro pediu para que eu o acompanhasse mais antes queria ouvir mais uma vez o som gostoso do berrante, ele que falou há muito tempo não ouço um verdadeiro som de um berrante e comecei a entoar o chamariz do gado com um toque bem repicado e longo, após realizar a vontade do Dente de Ouro entramos num galpão este que tinham diversas redes armadas e um fogão a lenha e um bule com um saboroso café e uns quitutes feito por Ademarzinho, ele que era filho do Lourival e nascera naquelas bandas do sul do mato grosso Próximo a Costa Rica, depois de conhecermos ele falou aos meus ouvidos a patroinha e que vai gostar de ouvir seu berrante tocar, quando vocês estavam vindos para o galpão e você entoou o berrante eu vi que ela esticou se toda pela janela para ver quem poderia estar tocando, assim que Ademarzinho me falou saiu em direção a sede principal toda feita em acabamento de pedras e algumas arvores com flores ao redor e eu fiquei matutando patroinha... Meu Deus aonde vim parar, a saudade de minha mãe era marcante dentro de mim, e as brincadeiras de infância na rua principal com meus irmãos eram vivas dentro do meu “EU”, depois que escolhi a rede para descansar e passar as noites ela que ficava próximo a rabeta do fogão onde passava um cano grosso este que esquentava a água para um gostoso banho, assim que me troquei isso já por volta das cinco horas de um começar de noite fria onde podia ouvir a alvorada das muitas maritacas no manguezal e sobre o céu ainda cinzento das queimadas um rebanho de andorinhas completava o espetáculo, assim que lembrei de desfazer o embrulho que minha mãe havia colocado em meu bolso este que era de um volume até grande amarrado cuidadosamente, me surpreendi com a quantidade de dinheiro que estava embrulhado nele, com desconfiança de alguém,pois ainda não tinha tanta intimidade com meus novos amigos e aquela cicatriz no rosto do Lourival me assustava, assim que conferi todo valor do embrulho pelo preço que estava a arroba do gado dava para adquirir as duzentas cabeças que eu ajudara os amigos trazerem, pensei mamãe quer algo a mais de mim, mais será o que? Porque só ela ainda acredita em mim? E procurei esconder aquela dinheirada toda em um lugar seguro, estava eu conversando com Ademar quando Chico Periquito chegou já todo perfumado e falou que não precisava colocar lenha no fogo para a janta porque iríamos comer na sede da patroinha, pois a mesma queria conhecer o novo vaqueiro e poder parabenizá-lo pelo toque gostoso do berrante, juro que quis recusar o convite mais fui alertado por Dente de Ouro que o finado pai da tal patroinha não gostava de ter suas ordens não cumpridas e que a filha também não dava rédea para uma recusa como está, falei então e assim vamos lá para ver no que dá, antes desfiz de uma caixa com alguns pertences meus onde mamãe havia colocado por baixo de minhas roupas e botas meu amigo violão, ele que eu chamava carinhosamente de “Xonado”.  
     Depois que estávamos todos prontos quis saber quantas pessoas moravam naquela casa tão aconchegante, tive a resposta que morava a viúva Dona Carmosina a filha Ágata e Frederico o irmão caçula este que era o segundo a palpitar em alguma coisa, juro que procurei vestir uma roupa das tradicionais do meu costume enquanto os outros eram no traje mesmo de vaqueiro, seguimos em direção a bela sede por um caminho cheio de curvas e esburacado, lembrei que meus caminhos também poderiam ser comparados com aquele que eu seguia no momento, ao chegarmos à varanda principal está feita toda de madeira de lei tipo Jatobá e aroeira, uma mesa extensa toda em madeira e suas cadeiras era da mesma madeira, primeiro sentou-se Lourival e em seguida nós, acho que se esquecerão de falar da Dona Abadia uma senhora de uns sessenta e poucos anos tranqüila e de um cardápio que lembrava as gostosuras preparadas por minha mãe, estávamos já nós servindo quando veio ao meio de nós o tal Frederico um sujeito estranho e desconfiado de olhar baixo como se estivesse querendo esconder alguma coisa, bom deixei pra La afinal eu estava mesmo era querendo forrar o estomago que a horas reclamava de fome, quando começamos a degustar a nossa ou seja a minha primeira refeição naquele lugar eis que surge sobre os degraus da escada esculpida em madeira do famoso e raro Pau-Brasil uma mulher de tão linda podia ser confundida com uma deusa, confesso que arrepiei todo, mais foi um arrepio gotoso tipo querer aquele pedaço de mulher para mim, abaixei minha cabeça e continuei a comer.
  Ela sem dizer nada se sentou na ponta da mesa como faz todos os chefes de casa, lembrei na hora do meu pai que tinha esses costumes, assim que ela começou a fazer sua refeição notei que teus olhos forçavam em me ver entre o Chico Periquito e Tião macaco, continuei sem ao menos dar a impressão de que eu notava algo diferente, quando eu pedi licença para retirar fui chamado à atenção por Ademarzinho que sobrou mais uma vez aos meus ouvidos dizendo primeiro ela sai depois agente, quis resmungar mais aceitei, afinal não era tão ruim assim fazer companhia para aquela lindeza toda justamente em minha frente, quando estávamos aguardando para que pudéssemos deixar a mesa, ela deu um tipo limpa garganta para chamar a atenção e perguntou-me com uma voz tão suave... Então você que e o novo tropeiro? Sim... Sim sou eu mesmo aceitei o convite do Lourival para trabalhar na lida com o gado, Ela continuou, tem quantos anos nessa lida? Respondi na estrada e a primeira vez, mais sou filho... Ela me interrompeu dizendo já sei de quem e filho Lourival me falou e eu te pergunto por que não continuou com teu pai? Olha se você não fizer questão de saber eu adoraria, estou na estrada porque quero começar um novo “CAMINHO” e esquecer o que vivi na companhia do meu pai... Nossa até parece que você está fugindo de casa, mais você sabe que vez enquanto tenho que enviar algumas cabeças de gado para as terras do seu pai na época da forte seca não e mesmo? Sim eu sei mais o que vem a ter com minha vinda para cá, caso você não tenha ido com o meu tipo só porque estou nesta roupagem diferente dos outros, pego o caminho para outro rumo agora mesmo! Nossa você e corajoso heim você sabe quem eu sou para falar assim com essa grosseria toda? Desculpe-me se te ofendi e que não gosto que me olham com indiferenças porque posso estar aqui com uma aparência de um cidadão da cidade, mais as aparências se enganam, e é claro que sei quem você e então estou só confirmando para a senhorita que meus trabalhos serão realizados conforme suas vontades! Bom isso e bom eu então gostaria de ouvir o repique do seu berrante enquanto meu irmão estiver entoando uma canção no violão que nós faz lembrar muito papai você tocaria para mim? Sim e claro e também posso colocar o “XONADO” para acompanhar teu irmão na mesma canção! Colocar quem quis saber ela... Respondi meu violão o chamo assim Xonado porque somos iguais só falamos a verdade e tanto ele como eu apaixonamos fácil, fácil.
O filho do Lourival já havia trago o berrante e meu violão com cordas de viola em náylon, assim que Frederico se assentou eu aproximei e fizemos uma palhinha do Chico Mineiro onde alguns aplausos foram ouvidos ao fundo da dispensa era Dona Carmosina e Dona Abadia que juntas sorriam, parece que eu estava sendo aceito por todos ali, ao começarmos a canção do “Menino da Porteira” fiz uns repiques longos que eram ouvidos ao longe que fez alguns bezerros do pasto próximo chegar bem perto onde estávamos, percebi a felicidade nos olhos de todos, já era tarde e ela pediu para que fôssemos todos embora, assim que saímos em direção ao galpão ela falou você fica para podermos ajustar algumas coisinhas.
Assentamos-nos próximo a escada em outra mesa em madeira está redonda mais muito linda, a primeira pergunta que ouvi quantos anos você tem? Bom acho que gostaria de saber meu nome também não e mesmo, afinal das contas se e para ajustar algumas coisinhas que sejam ajustados corretos, me chamo Nike e tenho vinte e cinco anos, sou o filho mais velho da família, o que mais você precisa saber? Nossa você parece que está nervoso... Cai matando e respondi mais quem não tem pressa de sair de perto de um monumento igual a você, porque já não estou me agüentando com vontade de roubar-te um abraço e um beijo porque não! Ela levantou rápida e disse pode ir está liberado depois falo com você! Legal tomara que não demore e acrescentei boa noite patroinha.
O tempo e os anos se passarão e até mesmo a perca trágica do maior amigo de estrada partiu Chico Periquito em uma de nossas andanças entre uma fazenda e outra foi atacado por uma urutu à cobra mais venenosa que mata um animal em menos de segundos, imaginem só um homem, o Dente de Ouro foi preciso e não acompanhava mais as comitivas que organizávamos, o mesmo sofreu enfarte por duas vezes, a linda patroinha na época que há conheci possuía teus vinte e oito anos e até nós dias atuais está cada dia mais formosa, e é claro que chegamos a nós entender só não estamos juntos ainda porque o Frederico acha que ele não e só irmão e sim o dono dela e chegou até me intimidar com palavras e acabei perdendo meu parceiro na roda de viola que fazíamos no galpão, o Ademarzinho de tanta persistência dele mesmo aprendeu a tocar o berrante, e aquela enorme casa ficou mais vazia com a morte de Dona Abadia de uma hora para outra, eu depois que tracei meu novo caminho retornei nas terras do meu pai uma vez só, esses tempos atrás e que encontrei Maciel nas imediações de Costa Rica levando uma tropa boa de Tabapuã Nelore puro sangue, agente se falou pouco porque tínhamos que chegar em Cassilandia antes do anoitecer, e assim aconteceu comigo, alguns meses depois em uma negociação com a Dona Carmosina adquiri aquela tão linda fazenda, onde fiquei apenas com quatro dos seis tropeiros que ali trabalhavam, meses depois fiquei noivo da então eis patroinha e nós casamos em meados de hum mil novecentos cinqüenta e seis no recanto relíquia, e mostrando para mim mesmo que podemos sim acreditar em CAMINHOS diferentes e vencê-los e venci acho eu se ficasse na companhia do meu pai seria apenas só mais um de seus filhos, veio morar comigo minha mãe e vovó Iracema, Dona Carmosina muito adoentada mudou-se para cidade levando com ela o sinistro Frederico o Lourival foi assassinado próximo a serra da Lagoa Santa já na divisa com Itajá vieram vingar a morte de um coronel de terras que Lourival havia matado Anos atrás, agora compreendo onde ele realmente conseguiu aquela cicatriz, ainda com muito trabalho junto as minhas terras adquiri um maquinário desacreditado por muitos fazendeiros da minha região e depois de um mês a água jorrava pelos campos afora em abundância, aonde o verde dos meus pastos eram infinitos, passei ajudar muitos dos meus vizinhos de cerca, e alguns que viam de longe com sua boiada, inclusive o homem que não me acreditava meu pai, assim fiz da minha vida o esteio para o meu Caminho, onde eu e minha amada obtivemos três filhos os quais ficaram frente a lida de tudo após nosso desencarne, e cada um honra com muito amor e sinceridade o caminho que deixei para cada um.     
                                                  Pelo Espírito
                                                         Gabriel.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CAMINHOS

Na rua principal super movimentada eu acostumava ir e vim sem temer nada, tinha toda confiança nos caminhos em que eu iria passar, e lógico que em algumas noites ou dias tenebrosos eu me cuidava ainda mais, tinha tanta certeza de que as coisas ruins jamais aconteceriam comigo que sempre tive bons pensamentos, boas amizades e não temia passar pelo que estava prestes a me acontecer, espero que você possa vivenciar o que me ocorreu e tire para você e os teus entes queridos um pouco do aprendizado que me faltou acreditar, desde mulecote e desde quando comecei a entender por gente minha mãe cuidadosamente explicava que da vida tudo se pode esperar, nem sempre as coisas boas tem seu fim como esperamos, mais os perigos que ela a vida nós oferta bate em nossas portas a todo o momento e instante, quando ela falava teus olhos brilhavam parecendo prever a perca de um dos seus, nós, ou melhor, eu Nike e meus irmãos Maciel e Lênin, Maciel com teus vinte e dois anos bem vividos era do tipo reservado e cuidadoso principalmente a frente da pequena fazenda que possuíamos no distrito do brejo d’água no município de Iturama MG. Já por sua vez Lênin aos dezenove anos além de ser um matuto nato era conhecedor de quase todas as raízes do mato, e sempre que podia estava oferecendo algo que acalmasse principalmente as minhas agonias, estas que eu não entendia o porquê não me deixavam pensar em dias melhores, meu pai Antenor Tenório conhecido na região era mais um viajante com a boiada do que um proprietário de terras, em um dia de sol escaldante onde ao longe agente podia ver a evaporação do solo parecendo transformar-se em um espelho d’água e entre ele a visão meio que embaraçada do meu velho pai e alguns dos seus tropeiros mais afamados naquela região, o Tião da foice, o Nego do Mujolo, só não me perguntem o porquê desses nomes, pois nunca soube precisamente o significado, eu precisava encontrar um meio de apresentar-me diante as muitas pessoas que visitavam constantemente nossa fazenda de pequeno porte, onde em nossas terras além de termos o melhor capim colonião a abundancia das águas eram tantas que alguns fazendeiros mais afortunados arrendavam alguns colchetes de chão na época brava da seca, seca está que parecia com meus caminhos incertos, o que me fez ser um quase pedaço de madeira sem valor algum, por ser um tipo que pensava em ter tudo ao meu alcance com suor dos outros, observem bem o que me ocorreu depois que deixei o caminho e o calor aconchegante do meu lar e apaguei de vez aquela rua principal que me viu dar meus primeiros passos, numa dessas comitivas de tropeiros que iam e viam sempre em nossa propriedade conheci o Lourival este que possuía uma cicatriz que marcava teu rosto entre o queixo e a orelha esquerda, segundo ele foi num estouro da boiada que ele adquirira aquela tatuagem para sempre, e lógico que resolvi seguir aquele caminho ainda incerto de mim mesmo, com a permissão dos meus pais, aquela permissão tipo vai e não vai mais, eu precisava acabar com aquela indesconfiança que alguns que me rodeavam tinham, tipo palavras que feriam o meu interior... Meu pai mesmo por diversas vezes me criticava e dizia que nunca creditaria nenhuma responsabilidade de sua propriedade a mim, e meus dois irmãos eram tipos sabedores e protegidos pelo papai, mais ambos eram muitos carinhosos comigo, afinal nas mais perigosas algazarras eu me colocava a frente de tantas chibatadas do meu pai para protegê-los, mesmo assim com o tempo fui sendo excluído e mal podia dar alguma ordem qualquer que fosse o braçal que por mim passava, além de Lourival seguia aquela comitiva o Chico Periquito, o Dente de Ouro e o mais engraçado Tião Macaco, este que era muito alegre e tinha respostas para tudo, e em todo momento podia ver em teu rosto um sorriso meio que amarelado pela quantidade de cigarro que ele consumia, eles que trabalhavam na fazenda Castanheira retirado a uns cento e quarenta quilômetros do Chapadão do sul no chão Mato-grossense, eu com minhas perguntas quis saber se o patrão deles não iria achar ruim eu seguir a sua comitiva, Tião Macaco, riu tanto que assustei e falou... Patrão quá, quá, quá, não com certeza ira agradecer, ainda mais quando souber que você e filho do dono das terras farturentas de pastagens e água, depois que despedi de cada um de casa a única coisa que meu pai me deu foi um bom cavalo e uma traia para a viagem e falou aos meus ouvidos... Seu moleque vê se aprende a virar alguém na vida e deu-me um tapinha carinhoso em meu rosto, minha mãe com algumas lagrima nos olhos só me desejou muito sucesso e colocou um embrulho em meu bolso, dizendo que seria um segredo meu e dela, era para eu começar a minha nova vida meu novo “CAMINHO”, quando Lourival chegou junto com os que te acompanhavam, trouxeram umas duzentas cabeças de gado dos quais a maioria já eram herados, e alguns se perderão pelo caminho pela desnutrição, foram colocadas na pastagem de colonião nova, e do capim Braquiara, onde eram banhados por uma das nascentes do rio do peixe, ao voltarmos conduzimos outras duzentas cabeças, estas mais robustas e com força suficiente para andar os mesmos quilômetros que fizeram as outras, assim que começamos nós organizamos primeiro o Dente de Ouro e o Lourival ficaram com a responsabilidade da garupa da boiada, eu por ter adquirido o único dote com meu avó tive o privilegio de seguir a frente do rebanho com Chico Periquito, e Tião Macaco, tocando meu amigo berrante feito ainda com os chifres de um touro que deu inicio na historia da minha família bem a nossa frente seguia o cozinheiro em uma carroça cheio de mantimentos era tipo uma conzinha móvel do peão, Tião perguntou-me porque eu não participava da comitiva do meu pai, se eu entoava tão bem o lindo berrante, respondi bem que tentei diversas vezes mais sempre era reprovado, porque meu pai dizia que eu só sabia fazer isso e mais nada, berrante por berrante Tião da Foice tocava, recordo que levamos uns quinze dias para alcançarmos nosso destino, quando entramos já nas terras onde a boiada iria ser entregue notei uma pastagem em recuperação e a escassez da água que vinha em uma pica d’água barrenta era a famosa Fazenda Castanheira e pensei comigo quem poderia vim a ser o meu novo patrão?
Depois que deixamos o Walter Morcego o encarregado da fazenda conferir cabeça por cabeça do gado que entregamos, nós retiramos até as baias que não ficava distante, Dente de Ouro pediu para que eu o acompanhasse mais antes queria ouvir mais uma vez o som gostoso do berrante, ele que falou há muito tempo não ouço um verdadeiro som de um berrante e comecei a entoar o chamariz do gado com um toque bem repicado e longo, após realizar a vontade do Dente de Ouro entramos num galpão este que tinham diversas redes armadas e um fogão a lenha e um bule com um saboroso café e uns quitutes feito por Ademarzinho, ele que era filho do Lourival e nascera naquelas bandas do sul do mato grosso Próximo a Costa Rica, depois de conhecermos ele falou aos meus ouvidos a patroinha e que vai gostar de ouvir seu berrante tocar, quando vocês estavam vindos para o galpão e você entoou o berrante eu vi que ela esticou se toda pela janela para ver quem poderia estar tocando, assim que Ademarzinho me falou saiu em direção a sede principal toda feita em acabamento de pedras e algumas arvores com flores ao redor e eu fiquei matutando patroinha... Meu Deus aonde vim parar, a saudade de minha mãe era marcante dentro de mim, e as brincadeiras de infância na rua principal com meus irmãos eram vivas dentro do meu “EU”, depois que escolhi a rede para descansar e passar as noites ela que ficava próximo a rabeta do fogão onde passava um cano grosso este que esquentava a água para um gostoso banho, assim que me troquei isso já por volta das cinco horas de um começar de noite fria onde podia ouvir a alvorada das muitas maritacas no manguezal e sobre o céu ainda cinzento das queimadas um rebanho de andorinhas completava o espetáculo, assim que lembrei de desfazer o embrulho que minha mãe havia colocado em meu bolso este que era de um volume até grande amarrado cuidadosamente, me surpreendi com a quantidade de dinheiro que estava embrulhado nele, com desconfiança de alguém,pois ainda não tinha tanta intimidade com meus novos amigos e aquela cicatriz no rosto do Lourival me assustava, assim que conferi todo valor do embrulho pelo preço que estava a arroba do gado dava para adquirir as duzentas cabeças que eu ajudara os amigos trazerem, pensei mamãe quer algo a mais de mim, mais será o que? Porque só ela ainda acredita em mim? E procurei esconder aquela dinheirada toda em um lugar seguro, estava eu conversando com Ademar quando Chico Periquito chegou já todo perfumado e falou que não precisava colocar lenha no fogo para a janta porque iríamos comer na sede da patroinha, pois a mesma queria conhecer o novo vaqueiro e poder parabenizá-lo pelo toque gostoso do berrante, juro que quis recusar o convite mais fui alertado por Dente de Ouro que o finado pai da tal patroinha não gostava de ter suas ordens não cumpridas e que a filha também não dava rédea para uma recusa como está, falei então e assim vamos lá para ver no que dá, antes desfiz de uma caixa com alguns pertences meus onde mamãe havia colocado por baixo de minhas roupas e botas meu amigo violão, ele que eu chamava carinhosamente de “Xonado”.

Depois que estávamos todos prontos quis saber quantas pessoas moravam naquela casa tão aconchegante, tive a resposta que morava a viúva Dona Carmosina a filha Ágata e Frederico o irmão caçula este que era o segundo a palpitar em alguma coisa, juro que procurei vestir uma roupa das tradicionais do meu costume enquanto os outros eram no traje mesmo de vaqueiro, seguimos em direção a bela sede por um caminho cheio de curvas e esburacado, lembrei que meus caminhos também poderiam ser comparados com aquele que eu seguia no momento, ao chegarmos à varanda principal está feita toda de madeira de lei tipo Jatobá e aroeira, uma mesa extensa toda em madeira e suas cadeiras era da mesma madeira, primeiro sentou-se Lourival e em seguida nós, acho que se esquecerão de falar da Dona Abadia uma senhora de uns sessenta e poucos anos tranqüila e de um cardápio que lembrava as gostosuras preparadas por minha mãe, estávamos já nós servindo quando veio ao meio de nós o tal Frederico um sujeito estranho e desconfiado de olhar baixo como se estivesse querendo esconder alguma coisa, bom deixei pra La afinal eu estava mesmo era querendo forrar o estomago que a horas reclamava de fome, quando começamos a degustar a nossa ou seja a minha primeira refeição naquele lugar eis que surge sobre os degraus da escada esculpida em madeira do famoso e raro Pau-Brasil uma mulher de tão linda podia ser confundida com uma deusa, confesso que arrepiei todo, mais foi um arrepio gotoso tipo querer aquele pedaço de mulher para mim, abaixei minha cabeça e continuei a comer.


Ela sem dizer nada se sentou na ponta da mesa como faz todos os chefes de casa, lembrei na hora do meu pai que tinha esses costumes, assim que ela começou a fazer sua refeição notei que teus olhos forçavam em me ver entre o Chico Periquito e Tião macaco, continuei sem ao menos dar a impressão de que eu notava algo diferente, quando eu pedi licença para retirar fui chamado à atenção por Ademarzinho que sobrou mais uma vez aos meus ouvidos dizendo primeiro ela sai depois agente, quis resmungar mais aceitei, afinal não era tão ruim assim fazer companhia para aquela lindeza toda justamente em minha frente, quando estávamos aguardando para que pudéssemos deixar a mesa, ela deu um tipo limpa garganta para chamar a atenção e perguntou-me com uma voz tão suave... Então você que e o novo tropeiro? Sim... Sim sou eu mesmo aceitei o convite do Lourival para trabalhar na lida com o gado, Ela continuou, tem quantos anos nessa lida? Respondi na estrada e a primeira vez, mais sou filho... Ela me interrompeu dizendo já sei de quem e filho Lourival me falou e eu te pergunto por que não continuou com teu pai? Olha se você não fizer questão de saber eu adoraria, estou na estrada porque quero começar um novo “CAMINHO” e esquecer o que vivi na companhia do meu pai... Nossa até parece que você está fugindo de casa, mais você sabe que vez enquanto tenho que enviar algumas cabeças de gado para as terras do seu pai na época da forte seca não e mesmo? Sim eu sei mais o que vem a ter com minha vinda para cá, caso você não tenha ido com o meu tipo só porque estou nesta roupagem diferente dos outros, pego o caminho para outro rumo agora mesmo! Nossa você e corajoso heim você sabe quem eu sou para falar assim com essa grosseria toda? Desculpe-me se te ofendi e que não gosto que me olham com indiferenças porque posso estar aqui com uma aparência de um cidadão da cidade, mais as aparências se enganam, e é claro que sei quem você e então estou só confirmando para a senhorita que meus trabalhos serão realizados conforme suas vontades! Bom isso e bom eu então gostaria de ouvir o repique do seu berrante enquanto meu irmão estiver entoando uma canção no violão que nós faz lembrar muito papai você tocaria para mim? Sim e claro e também posso colocar o “XONADO” para acompanhar teu irmão na mesma canção! Colocar quem quis saber ela... Respondi meu violão o chamo assim Xonado porque somos iguais só falamos a verdade e tanto ele como eu apaixonamos fácil, fácil.

O filho do Lourival já havia trago o berrante e meu violão com cordas de viola em náilon, assim que Frederico se assentou eu aproximei e fizemos uma palhinha do Chico Mineiro onde alguns aplausos foram ouvidos ao fundo da dispensa era Dona Carmosina e Dona Abadia que juntas sorriam, parece que eu estava sendo aceito por todos ali, ao começarmos a canção do “Menino da Porteira” fiz uns repiques longos que eram ouvidos ao longe que fez alguns bezerros do pasto próximo chegar bem perto onde estávamos, percebi a felicidade nos olhos de todos, já era tarde e ela pediu para que fossemos todos embora, assim que saímos em direção ao galpão ela falou você fica para podermos ajustar algumas coisinhas.

Assentamos-nos próximo a escada em outra mesa em madeira está redonda mais muito linda, a primeira pergunta que ouvi quantos anos você tem? Bom acho que gostaria de saber meu nome também não e mesmo, afinal das contas se e para ajustar algumas coisinhas que sejam ajustados corretos, me chamo Nike e tenho vinte e cinco anos, sou o filho mais velho da família, o que mais você precisa saber? Nossa você parece que está nervoso... Cai matando e respondi mais quem não tem pressa de sair de perto de um monumento igual a você, porque já não estou me agüentando com vontade de roubar-te um abraço e um beijo porque não! Ela levantou rápida e disse pode ir está liberado depois falo com você! Legal tomara que não demore e acrescentei boa noite patroinha.
O tempo e os anos se passarão e até mesmo a perca trágica do maior amigo de estrada partiu Chico Periquito em uma de nossas andanças entre uma fazenda e outra foi atacado por uma urutu à cobra mais venenosa que mata um animal em menos de segundos, imaginem só um homem, o Dente de Ouro foi preciso e não acompanhava mais as comitivas que organizávamos, o mesmo sofreu enfarte por duas vezes, a linda patroinha na época que há conheci possuía teus vinte e oito anos e até nós dias atuais está cada dia mais formosa, e é claro que chegamos a nós entender só não estamos juntos ainda porque o Frederico acha que ele não e só irmão e sim o dono dela e chegou até me intimidar com palavras e acabei perdendo meu parceiro na roda de viola que fazíamos no galpão, o Ademarzinho de tanta persistência dele mesmo aprendeu a tocar o berrante, e aquela enorme casa ficou mais vazia com a morte de Dona Abadia de uma hora para outra, eu depois que tracei meu novo caminho retornei nas terras do meu pai uma vez só, esses tempos atrás e que encontrei Maciel nas imediações de Costa Rica levando uma tropa boa de Tabapuã Nelore puro sangue, agente se falou pouco porque tínhamos que chegar em Cassilandia antes do anoitecer, e assim aconteceu comigo, alguns meses depois em uma negociação com a Dona Carmosina adquiri aquela tão linda fazenda, onde fiquei apenas com quatro dos seis tropeiros que ali trabalhavam, meses depois fiquei noivo da então eis patroinha e nós casamos em meados de hum mil novecentos cinqüenta e seis no recanto relíquia, e mostrando para mim mesmo que podemos sim acreditar em CAMINHOS diferentes e vencê-los e venci acho eu se ficasse na companhia do meu pai seria apenas só mais um de seus filhos, veio morar comigo minha mãe e vovó Iracema, Dona Carmosina muito adoentada mudou-se para cidade levando com ela o sinistro Frederico o Lourival foi assassinado próximo a serra da Lagoa Santa já na divisa com Itajá vieram vingar a morte de um coronel de terras que Lourival havia matado Anos atrás, agora compreendo onde ele realmente conseguiu aquela cicatriz, ainda com muito trabalho junto as minhas terras adquiri um maquinário desacreditado por muitos fazendeiros da minha região e depois de um mês a água jorrava pelos campos afora em abundância, aonde o verde dos meus pastos eram infinitos, passei ajudar muitos dos meus vizinhos de cerca, e alguns que viam de longe com sua boiada, inclusive o homem que não me acreditava meu pai, assim fiz da minha vida o esteio para o meu Caminho, onde eu e minha amada obtivemos três filhos os quais ficaram frente a lida de tudo após nosso desencarne, e cada um honra com muito amor e sinceridade o caminho que deixei para cada um.

Pelo Espírito



Gabriel.